Novo estudo revela como clubes europeus fortalecem laços globais ao integrar culturas locais, promovendo inclusão e responsabilidade social em suas expansões internacionais

Com estádios lotados e torcedores de diferentes partes do mundo vestindo suas cores, os grandes clubes de futebol transcendem as fronteiras do esporte. Mas qual é o real impacto dessa internacionalização? Essa é a pergunta que norteia a pesquisa “Do Campo ao Mundo: O Impacto Cultural, Social e Econômico na Internacionalização de Clubes de Futebol”, que analisa a expansão de seis clubes europeus em mercados internacionais e o papel do futebol na coesão social e cultural.

Longe de ser um negócio somente lucrativo, a internacionalização do futebol também se revela oportunidade de integração social, valorização da diversidade e desenvolvimento das comunidades envolvidas. 

Desenvolvida por pesquisadores da Universidade de Fortaleza, instituição de ensino mantida pela Fundação Edson Queiroz, a pesquisa investiga como a internacionalização bem-sucedida requer abordagem que respeite identidades culturais e sociais das regiões que recebem esses clubes.

O estudo destaca que, ao entender as especificidades culturais e sociais dos novos mercados, os clubes conseguem criar laços mais sólidos e significativos com os torcedores locais. Segundo os resultados, iniciativas como escolinhas de futebol, parcerias comunitárias e programas de responsabilidade social não só impulsionam a imagem do clube, mas também promovem inclusão e coesão social.

 “A internacionalização só será duradoura e genuína quando os clubes realmente se comprometerem com as necessidades culturais e sociais das regiões onde pretendem expandir. É um caminho que envolve responsabilidade social e a construção de um relacionamento verdadeiro com as comunidades locais” – Anna Beatriz Maia, docente do curso de Ciências Contábeis da Unifor e Coordenadora do Núcleo de Apoio Fiscal (NAF)

Motivação e pesquisas

Para Theo Rola Mota, bolsista de iniciação científica da Unifor e colaborador do estudo, o tema da pesquisa tem um significado especial. “Esse foi o tema do TCC da minha primeira graduação, Comércio Exterior. Ainda estava um pouco perdido sobre meu futuro e decidi juntar minha maior paixão, o futebol, com interesses como economia internacional, cultura e relações internacionais,” compartilha.

Theo acredita que sua pesquisa traz à tona uma questão muitas vezes deixada de lado pelos gestores: os fatores sociais, culturais e econômicos dos diferentes países. “Com a globalização, o movimento natural dos grandes clubes é expandir para novos mercados, mas é preciso entender que cada país traz suas particularidades,” destaca ele.

Adaptação às culturas locais

O estudo utiliza exemplos de grandes clubes como Barcelona, Manchester United e Manchester City, que, ao se adaptarem aos valores e costumes locais, fortaleceram suas bases de fãs em várias regiões.

A internacionalização é uma chance de os clubes construírem relações duradouras e verdadeiras. Ele observa que “os clubes que buscam a internacionalização necessitam alinhar suas estratégias de negócios com os fatores culturais e sociais. É a partir desses pontos de tradições e costumes que os clubes devem começar seu planejamento, encontrando a melhor maneira de se adequar aos hábitos dos torcedores locais, e não tentando transformar essas tradições para se adaptarem à marca.”

O impacto social e cultural do futebol

Mais do que lucro, Theo vê o futebol como um meio de integração cultural e coesão social. “A internacionalização dos clubes, se bem feita, pode ter um impacto gigantesco social e culturalmente nos países inseridos.

O Futbol Club Barcelona, por exemplo, estabeleceu escolinhas ao redor do mundo que vão além do ensino do futebol; ensinam valores como trabalho em equipe, disciplina e resiliência. Isso contribui para o desenvolvimento das crianças e adolescentes como pessoas saudáveis e respeitosas.

Um caminho para uma internacionalização ética

A pesquisa conclui que os clubes devem buscar uma internacionalização ética, respeitando as culturas e necessidades sociais dos mercados onde se expandem. “Para que a internacionalização seja duradoura, é preciso responsabilidade social e conexão genuína com as comunidades locais”, ressalta a pesquisadora.

Parcerias locais, desenvolvimento sustentável e inclusão são fundamentais para que os clubes se tornem agentes positivos nas novas regiões. Para Theo, essa abordagem reforça o poder do futebol como ferramenta de integração e transformação social. “São essas experiências que o futebol proporciona que estarão sempre em primeiro lugar,” conclui.”

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