A pesquisa liderada pela pesquisadora Ana Cristina Moreira, professora titular da Universidade de Fortaleza, instituição de ensino mantida pela Fundação Edson Queiroz, e diretora do Núcleo de Biologia Experimental (NUBEX), explora o vasto potencial de macromoléculas vegetais na criação de formulações farmacêuticas inovadoras em estudo. Utilizando proteínas e polissacarídeos extraídos de plantas, a pesquisa busca desenvolver terapias avançadas e sustentáveis para condições de saúde complexas, como doenças inflamatórias, câncer e processos de cicatrização.


Portal Ciência: Qual é o objetivo principal desta pesquisa?

Ana Cristina: Nosso objetivo é desenvolver medicamentos inovadores baseados em biomoléculas vegetais, como lectinas e polissacarídeos. Essas moléculas possuem propriedades terapêuticas únicas, como atividades anti-inflamatórias, analgésicas e até antitumorais. Além de oferecer tratamentos mais eficazes e acessíveis, buscamos reduzir os efeitos colaterais e promover o uso sustentável da biodiversidade brasileira.

Portal Ciência: O que motivou o foco em biomoléculas vegetais?

Ana Cristina: O Brasil é um país com biodiversidade incomparável, oferecendo uma fonte rica de moléculas com potencial terapêutico ainda inexplorado. Além disso, combinar o conhecimento tradicional sobre plantas com técnicas de biotecnologia moderna nos permite desenvolver soluções que podem posicionar o Brasil como líder em inovação farmacêutica sustentável.

Portal Ciência: Quais biomoléculas são o foco principal do estudo e por que elas foram escolhidas?

Ana Cristina de Oliveira: Estamos focados em lectinas, que têm a capacidade de se ligar a carboidratos e possuem propriedades imuno-moduladoras, e polissacarídeos, como galactomananas e galactoxiloglucanas, conhecidos por suas aplicações em liberação controlada de fármacos e desenvolvimento de biomateriais. Essas macromoléculas foram escolhidas pela sua versatilidade e potencial para atender a múltiplas necessidades terapêuticas.

Portal Ciência: Que avanços a pesquisa espera alcançar no desenvolvimento de medicamentos?

Ana Cristina: Buscamos desenvolver medicamentos de liberação controlada, utilizando nanotecnologia e biomateriais avançados, para aumentar a eficácia terapêutica e reduzir os efeitos colaterais. Além disso, nossa abordagem multifacetada visa criar uma plataforma versátil para tratamentos personalizados, que possam atender condições como doenças inflamatórias crônicas, dor crônica e câncer.

Portal Ciência: Quais são os principais desafios enfrentados pela pesquisa?

Ana Cristina Um dos maiores desafios é obter quantidades suficientes de biomoléculas puras para estudos pré-clínicos e clínicos, mantendo sua estabilidade e atividade biológica. Também enfrentamos a complexidade de escalar a produção das moléculas em um nível industrial, garantindo qualidade e eficácia.

Portal Ciência: Quais são os impactos esperados dessa pesquisa no cenário farmacêutico?

Ana Cristina: Esperamos criar medicamentos mais eficazes e acessíveis, além de estimular a indústria farmacêutica nacional com inovações baseadas em recursos naturais. A pesquisa também pode gerar patentes, atrair investimentos globais e contribuir para o desenvolvimento socioeconômico sustentável do Brasil, especialmente em regiões ricas em biodiversidade.

Portal Ciência: Como essa pesquisa pode beneficiar a saúde global?

Ana Cristina: Ao combinar ciência avançada com os recursos únicos da biodiversidade brasileira, podemos desenvolver terapias que ofereçam soluções inovadoras para problemas globais de saúde. Nosso trabalho é um exemplo de como a natureza e a ciência podem se unir para atender a demandas de saúde enquanto promovem sustentabilidade e inovação econômica.


Sobre a Pesquisadora

Ana Cristina Moreira é professora titular da Universidade de Fortaleza (UNIFOR), diretora do Núcleo de Biologia Experimental (NUBEX) e membro da Academia Cearense de Ciências e da Academia Cearense de Farmácia. Graduada em Farmácia, possui Mestrado e Doutorado em Bioquímica.

Atua como docente e orientadora nos Programas de Pós-Graduação em Ciências Médicas da UNIFOR e no Doutorado em Biotecnologia da RENORBIO. Orienta alunos de graduação, mestrado, doutorado e supervisiona estágios de pós-doutorado. Desenvolve pesquisas em bioquímica com ênfase em isolamento, caracterização e aplicação biotecnológica de carboidratos e proteínas, especialmente lectinas, além de análise proteômica voltada à prospecção de biomarcadores de doenças.

Foi coordenadora do curso de Farmácia da UNIFOR e integra o banco de avaliadores do SINAES/INEP. Sua atuação acadêmica e científica contribui para avanços em biotecnologia e saúde.

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