Estudo busca desenvolver formas mais eficazes de administrar medicamentos no corpo humano e melhorar a experiência de pacientes em tratamentos complexos

Pacientes que enfrentam tratamentos contínuos para doenças graves, como câncer ou doenças crônicas, frequentemente lidam com efeitos colaterais severos e os altos custos associados a medicamentos essenciais. Esses fatores tornam o tratamento um desafio não só pela complexidade da doença, mas também pelas limitações das formas tradicionais de administração de fármacos.

Com esse cenário em mente, pesquisadores do Núcleo Experimental de Biologia (NUBEX) da Universidade de Fortaleza, instituição de ensino mantida pela Fundação Edson Queiroz, estão desenvolvendo a pesquisa “Sistemas Inovadores para a Liberação de Fármacos”. Iniciado em 2021 por Angelo Roncalli, Adriana Rolim e Cristina Moreira, o estudo visa revolucionar a forma como medicamentos são liberados no corpo humano, utilizando tecnologias avançadas como nanotecnologia, biotecnologia e inteligência artificial.

Segundo Ângelo, a mesma tecnologia que permitiu a criação de vacinas contra a COVID-19 em tempo recorde também está sendo aplicada para desenvolver novos sistemas de liberação de diferentes fármacos, com o objetivo de tornar tratamentos mais acessíveis e eficazes para um maior número de pacientes.

“O objetivo do nosso estudo é reduzir os efeitos colaterais dos medicamentos, melhorar a eficácia dos tratamentos e tornar os medicamentos mais acessíveis, especialmente para pacientes de países em desenvolvimento que enfrentam desafios na dependência de tecnologia e matéria-prima” – Angelo Roncalli, pesquisador do NUBEX e docente do curso de Farḿacia da Unifor

Diferenciais da pesquisa 

Um dos principais diferenciais desses sistemas inovadores é a capacidade de liberar o fármaco diretamente no local onde ele é necessário, o que aumenta a eficácia do tratamento e reduz os efeitos adversos. 

Em comparação com métodos convencionais, como comprimidos e injeções, que podem degradar o princípio ativo antes mesmo de alcançar a corrente sanguínea, essas novas formas de administração garantem que o medicamento atinja seu alvo de forma mais rápida e precisa.

Além de trazer soluções para doenças crônicas, os sistemas desenvolvidos pelo grupo de pesquisa do NUBEX poderão ser aplicados no tratamento de cânceres, doenças infecciosas e até no reposicionamento de fármacos. 

Métodos e tecnologias utilizadas

Para desenvolver esses novos sistemas de liberação de fármacos, a equipe está focada em tecnologias como a nanotecnologia, que permite a criação de partículas microscópicas capazes de transportar medicamentos diretamente para as células-alvo com alta precisão. 

A biotecnologia também desempenha um papel fundamental ao criar novos biopolímeros, que reduzem as chances de reações adversas nos pacientes. Essas ferramentas combinadas possibilitam um avanço significativo na maneira como medicamentos são administrados, permitindo tratamentos mais eficientes e com menores doses.

Benefícios para a sociedade

Esses sistemas inovadores em questão possuem o potencial de resolver  desafios da indústria farmacêutica, como a criação de novas moléculas terapêuticas e a superação de barreiras tecnológicas. Uma das vantagens mais marcantes é a possibilidade de otimizar a administração dos medicamentos, permitindo que doses menores alcancem a mesma eficácia, o que pode reduzir tanto os custos quanto os efeitos colaterais.

A pesquisa também promete ter um impacto especial em países em desenvolvimento, que enfrentam dificuldades relacionadas à dependência de tecnologias e matérias-primas estrangeiras.

Com o avanço desses novos sistemas, o Brasil e outros países poderão ter maior autonomia na produção de medicamentos, respondendo de forma mais ágil a crises de saúde globais, como pandemias.

Perspectivas e impactos

Angelo Roncalli acredita que os tratamentos médicos estão passando por uma transformação que vai além das soluções convencionais. “Esses novos sistemas de liberação não só tornam os tratamentos mais eficientes, como também tornam possível a criação de terapias personalizadas”, explica. 

Ele destaca que tratamentos que hoje exigem alto investimento, como as terapias personalizadas, podem se tornar mais acessíveis em um futuro próximo. Com a evolução contínua de tecnologias como a nanotecnologia e biotecnologia, a expectativa é que mais pessoas tenham acesso a medicamentos inovadores e eficazes, transformando o cenário da saúde pública global.

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