O pesquisador Roney Coimbra, que coordenou o estudo, explicou que drogas com efeitos similares ao ecstasy e LSD destroem neurônios e prejudica criação de novos
Um estudo inédito conduzido pela Fiocruz de Minas Gerais apontou a extensão do prejuízo ao cérebro causado por drogas sintéticas.As substâncias químicas atuam no sistema nervoso central e provocam alucinações, e a pesquisa trouxe dados de que há “efeito devastador” aos neurônios pelo uso delas.
O trabalho levou em consideração os compostos sintéticos 25H-NBOMe e 25H-NBOH, que são comercializados ilegalmente muitas vezes como se fossem ecstasy ou LSD. O pesquisador e coordenador do estudo Roney Coimbra explicou que foram utilizadas fatias de cérebros de ratos para avaliar os efeitos das drogas.
“Podemos afirmar que essas drogas são mais devastadoras, registramos morte neuronal acentuada nessas fatias de tecido durante o período de exposição às drogas”, disse. Ele destacou que, mesmo após a interrupção da exposição aos compostos, a “morte neuronal continua.”
De acordo com o especialista, a região do cérebro chamada de hipocampo foi o alvo do estudo. “Ela atua na formação das memórias e, a partir delas, formamos conhecimento. A partir do acúmulo dos conhecimentos adquiridos na vida que definimos nossa personalidade”, disse.
Dessa forma, a “morte de neurônios comprometerá a capacidade do indivíduo neste sentido.” Outra função do hipocampo é abrigar as chamadas “células-sementes”, que são capazes de se multiplicar e formar novos neurônios. “Isso acende um alerta de que as drogas, além de matar neurônios maduros, também causam efeito indesejável nas sementes”.
Alerta para os riscos das drogas sintéticas na juventude
Os pesquisadores destacaram que a popularidade dessas substâncias entre jovens e adultos jovens representa um grave risco para essa faixa etária. Isso ocorre porque o cérebro ainda está em desenvolvimento até aproximadamente os 25 anos, tornando-o mais vulnerável aos efeitos devastadores das drogas.
A combinação de morte neuronal e comprometimento das células-sementes pode acarretar danos permanentes em uma fase crucial para o aprendizado, formação de memórias e consolidação da personalidade, o que reforça a necessidade de maior conscientização sobre os perigos do uso dessas substâncias.