Empreendedores negros buscam espaço em ambientes de inovação tradicionalmente excludentes (Foto: Getty Images)

Estudo investiga barreiras enfrentadas por empreendedores negros e aponta caminhos para aumentar a inclusão e representatividade nos ecossistemas de inovação

A inclusão de empreendedores de minorias sociais nos ecossistemas de inovação e empreendedorismo é um desafio que reflete desigualdades sociais e históricas, especialmente para a população negra. Em um ambiente em que falta representatividade e acesso equitativo, muitos empreendedores negros enfrentam barreiras significativas para acessar recursos, redes e oportunidades de crescimento. Por isso, uma pesquisa sobre esses desafios, a pesquisadora Keysa Mascena, da Universidade de Fortaleza, instituição de ensino mantida pela Fundação Edson Queiroz, analisa essa conjuntura. 

Diante desse cenário, a pesquisa busca levantar dados sobre a experiência desses empreendedores em ecossistemas de inovação, explorar os espaços de apoio específicos e identificar caminhos para que o ecossistema se torne mais inclusivo e acessível.

“Em muitos ambientes de inovação e empreendedorismo, percebo que sou a única pessoa ou uma das poucas pessoas negras. Esse sentimento de exclusão é comum para muitos empreendedores negros, que enfrentam desafios únicos” – Keysa Mascena, professora do Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGA) da Unifor

Empreendedorismo negro e a  busca por inclusão 

A pesquisa tem motivações pessoais para Keysa, que se identifica como mulher negra oriunda da periferia e percebe, em sua própria trajetória acadêmica e profissional, a falta de representatividade negra. “Em muitos ambientes de empreendedorismo, percebo a escassez de líderes e mentores negros, o que reforça um sentimento de exclusão para muitos empreendedores,” comenta a pesquisadora. 

A partir dessa percepção, ela iniciou o estudo com o objetivo de documentar a experiência dos empreendedores negros, compreender os desafios e propor estratégias para fortalecer essa comunidade dentro do ecossistema empreendedor.

Financiamento e colaboração 

A pesquisa conta com financiamento de diversas fontes, como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o SemeAD Pq Jr e editais de apoio da própria UNIFOR. Com uma equipe colaborativa formada por estudantes e professores negros, o estudo realiza entrevistas com empreendedores negros de diferentes regiões do Brasil, gerando dados que estão sendo transformados em artigos acadêmicos e relatórios. Esse trabalho colaborativo permite que as experiências e perspectivas dos entrevistados sejam compreendidas de maneira profunda, criando uma base de conhecimento para apoiar o desenvolvimento de políticas e práticas inclusivas.

Resultados preliminares e impacto esperado

Entre os insights iniciais, a pesquisa destaca que muitos empreendedores negros preferem buscar programas de apoio que sejam voltados especificamente para o empreendedorismo negro e social. Esses programas geralmente oferecem um ambiente onde eles se sentem representados e compreendidos, ao contrário dos programas convencionais, onde sentem a falta de inclusão. 

Contudo, esses programas específicos ainda carecem de recursos e apoio estrutural em comparação com iniciativas do ecossistema tradicional. O estudo busca evidenciar essa desigualdade e contribuir para fortalecer essas iniciativas específicas, ao mesmo tempo em que amplia a conscientização sobre a necessidade de inclusão no ecossistema como um todo.

Visão para um futuro inclusivo

Keysa acredita que os resultados da pesquisa podem ajudar a construir estratégias práticas para tornar o ecossistema empreendedor mais acessível e representativo. “Queremos promover ações afirmativas, criar redes de apoio e disseminar práticas de inclusão, especialmente voltadas para empreendedores negros, que ainda enfrentam obstáculos de acesso,” afirma. 

A pesquisadora pretende disseminar os achados da pesquisa por meio de relatórios, palestras e encontros com a comunidade negra, com o objetivo de gerar discussões e fortalecer um ecossistema empreendedor mais justo e inclusivo para todos.

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